O meu olhar
Numa folha de papel de um branco quase puro, passeio os meus olhos naus, com um lápis de carvão a dançar por entre os dedos. Com um traço se faz uma linha que com sorte pode ser rio ou mesmo horizonte. Com outro se faz um círculo, acima, que pode ser sol ou então só luar. Decidirei no fim, ao pintar.
Mas se o lápis baloiçar à deriva na mão de um poeta vai ter muito que contar. Senhor dos desertos, das fontes e de todos os amores, fará prodígios e até plantará flores. Mas, haja o que houver, para o lado de lá da linha, em princípio, o céu. Para o lado de cá, no final, só resta o mar. É tudo uma questão de cores, ao terminar.
Se riscar uma barca bela do lado de cá e arriscar uma estrela da tarde do lado de lá da linha feita horizonte, ninguém acreditará que o mar do lado de cá não ruma ao céu do lado de lá. Mas se uma gaivota voar perdida do lado de lá da linha feita horizonte, então confirma-se. Todo o mar a bailar do lado de cá beija o céu todo a rezar do lado de lá. Pronto! Vou então desenhar.
O lápis de carvão faz do traço uma linha quase recta, a meio do branco ainda virgem da folha de papel, deitada inteira e nua à minha frente. E do lado de lá do risco, do traço, da linha, descanso o olhar. Do lado de cá não sei que traçar. Um pastor a pescar baladas, canções, cantigas ao vento. O meu lápis tem voz e sabe cantar. Mas não custa tentar. Do lado de cá do risco da linha, só me resta ser onda do mar e saber navegar.
E dou cores suaves de aguarela ao céu por cima do mar, ao sol que anoitece luar, à nau que pode ser estrela ou gaivota que nasce da ponta de um lápis de carvão e sonha agora voar. A imaginação tem asas e não sabe parar.
Numa folha de papel de um branco quase puro, passeio os meus olhos naus, com um lápis de carvão a dançar por entre os dedos. Com um traço se faz uma linha que com sorte pode ser rio ou mesmo horizonte. Com outro se faz um círculo, acima, que pode ser sol ou então só luar. Decidirei no fim, ao pintar.
Mas se o lápis baloiçar à deriva na mão de um poeta vai ter muito que contar. Senhor dos desertos, das fontes e de todos os amores, fará prodígios e até plantará flores. Mas, haja o que houver, para o lado de lá da linha, em princípio, o céu. Para o lado de cá, no final, só resta o mar. É tudo uma questão de cores, ao terminar.
Se riscar uma barca bela do lado de cá e arriscar uma estrela da tarde do lado de lá da linha feita horizonte, ninguém acreditará que o mar do lado de cá não ruma ao céu do lado de lá. Mas se uma gaivota voar perdida do lado de lá da linha feita horizonte, então confirma-se. Todo o mar a bailar do lado de cá beija o céu todo a rezar do lado de lá. Pronto! Vou então desenhar.
O lápis de carvão faz do traço uma linha quase recta, a meio do branco ainda virgem da folha de papel, deitada inteira e nua à minha frente. E do lado de lá do risco, do traço, da linha, descanso o olhar. Do lado de cá não sei que traçar. Um pastor a pescar baladas, canções, cantigas ao vento. O meu lápis tem voz e sabe cantar. Mas não custa tentar. Do lado de cá do risco da linha, só me resta ser onda do mar e saber navegar.
E dou cores suaves de aguarela ao céu por cima do mar, ao sol que anoitece luar, à nau que pode ser estrela ou gaivota que nasce da ponta de um lápis de carvão e sonha agora voar. A imaginação tem asas e não sabe parar.