sábado, julho 12, 2008

INCONFIDÊNCIAS # 5

GRITOS E APITOS: mesmo quando não quero falar de certos assuntos, as teclas do meu computador disparam, tomam conta dos casos e entram, contra a minha vontade, numa espécie de auto-gestão. É o que se passa com o nacional futeboliço. Nunca me passou pela cabeça dizer que a coisa exala cheiro de pântano. Que há golpes e contra-golpes. Que todos e cada um são do clube do seu egoísmo e mandam o bom senso às malvas. Que a UEFA e a PGR parecem preocupadas. Que a FPF é má e a Liga não descola, enquanto aí se perpetuarem alguns dinossauros que fazem pela vidinha. Que o Benfica, o Guimarães, o Porto, o Boavista e outros que tais, estão de olho nas lacunas regulamentares. Que o Governo balbucia frases incompreensíveis, parecendo desejar a posição de Pilatos. Até quando? Que o Professor Marcelo está convicto que sim mas, e o Professor Freitas está confiante nos próximos quinze dias. Que a trafulhice passada e presente atingiram o seu melhor nível e o mais óbvio dos requintes de malvadez. Quem se meteu neste futebol sabe que não há espaço para virgens ofendidas. Há que rejeitá-lo ou aceitá-lo em pacote. E no pacote vem tudo, incluindo o que o mundo do futebol tem de degradante e mais o que a sociedade regurgita. Enquanto eu nego ter dito tudo isto, acusem o meu computador de escrever patranhas tamanhas.
PORQUÉ NO TE CALLAS?: é o pedido que muito dirigente socialista, e não só, deve fazer todas as semanas quando são publicados os escritos de João Silva. Conheci-o enquanto liderou a bancada do PS na Assembleia Municipal. Travei com ele, sem tréguas, um interessante e irrepetível combate político. Sempre nos respeitámos na diversidade de opiniões. Confesso-me seu leitor atento, mesmo quando não perdoa aos que eu defendo. Um dos problemas coimbrinhas é exactamente a polémica e o debate, esquecendo por agora a maledicência, morrerem invariavelmente na mesa do café da esquina. Porque para escrever ou dizer em voz alta o que sinceramente se pensa “hay que tenerlos!”. Quanto mais não seja, é uma questão de sanidade político-partidária local que ele não se cale publicamente. Porque a unanimidade é imbecil em si mesma.
POR EXEMPLO: a libertação de Ingrid Batencourt, das garras da FARC, foi uma excelente notícia. A contrapor às desgraças do mundo que consumimos e nos consomem os dias. O exemplo de Ingrid é inspirador, porque nos faz acreditar que ainda há coisas que podem terminar como mais desejamos.
AFINAL: o Banco Mundial considera os biocombustiveis a causa do aumento em flecha do preço dos alimentos. Enquanto a União Europeia se debruça sobre o tema, o grandioso objectivo português de 10% até 2010 devia merecer já uma correcção de trajectória.
HÁ IR E VOLTAR: Paula Bobone apresentou o livro "Manual de Instruções para Homens de Sucesso". Imperdível para este verão quente, entre uma bola de berlim, um gelado derretido e o vozeirão da vizinha da barraca ao lado que não larga o telemóvel. E que tem um cachorrinho amoroso que faz focinho de odiar-nos há séculos.
POR FALAR NISSO: “…Sexo é do bom; Amor é do bem...” (Salvador Massano Cardoso, no Quarta República)