segunda-feira, setembro 03, 2007

Auto-retratação

Estás terminantemente proibido de retirar a alegria do fundo da gaveta , o amor de dentro do silêncio e o teu nome da nudez das palavras.
Estás terminantemente proibido de coleccionar as chuvas mais intimas, os espantos de jardins invisíveis e as ausências de lábios incertos.
Estás terminantemente proibido de reacender as horas que correm perdidas, os segredos que moram nos rios e os risos que morrem nos olhos.
Estás terminantemente proibido de passear os dedos nas lembranças, o desespero nos gestos em chamas e a vida na levada do vento.
Estás terminantemente proibido de tocar a pele de um corpo que pede, os desejos que falam sozinhos e as curvas das longas renuncias.
Estás terminantemente proibido de ser sol em tarde de Agosto, luar das noites de sábado e bêbado abismo de mim.
Estás terminantemente proibido de mergulhar nas correntes ocultas, no redemoinho das marés alterosas e no regaço das ondas perigosas.
Estás terminantemente proibido de ser quem és ou melhor, raiz de árvore sem tempo e casa dos teus sonhos de infância.
(a não ser que morras primeiro!...)