Land Rover tem hoje para mim um sentido novo. Muito diferente do jeep aventura dos sonhos atascados em dunas da minha juventude. Desassossega-me a memória, traz-me as cores do mar enceularado (escrito mesmo assim), o cheiro a terra, a mangas e a pitangas maduras. Lembra-me a primeira bicicleta, mas fez-se trem que me toca e provoca os sentidos. Nas estradas que se parecem mais com campos de batalha, não me soa estranha a canção, que a rádio passa aos soluços, de Kate Bush, "Kashka from Bagdad": a lua não brilha o bastante para os olhos cegos pela paixão…
Se há quem diga que o último refúgio contra os telemóveis é a cabine telefónica, eu vos garanto que a ultima trincheira contra a indiferença é, no mínimo, um sorriso beijado nos olhos de uma criança nestas Terras do Fim do Mundo. E não falo de risos hipócritas, insensíveis, egoístas, tocados de fingida humanidade e a que se poderiam colar aos lábios uma legenda quase pornográfica.
A minha infância também correu aos ombros de África. Tenho dentro de mim a sua geografia íntima, mas num mapa que se tornou obsoleto, assim como a ideia originária que eu guardava do mais velho Land Rover de que me lembro.
Por aqui, onde nasci e porventura morrerei, sinto-me definitivamente condenado à liberdade.
Se há quem diga que o último refúgio contra os telemóveis é a cabine telefónica, eu vos garanto que a ultima trincheira contra a indiferença é, no mínimo, um sorriso beijado nos olhos de uma criança nestas Terras do Fim do Mundo. E não falo de risos hipócritas, insensíveis, egoístas, tocados de fingida humanidade e a que se poderiam colar aos lábios uma legenda quase pornográfica.
A minha infância também correu aos ombros de África. Tenho dentro de mim a sua geografia íntima, mas num mapa que se tornou obsoleto, assim como a ideia originária que eu guardava do mais velho Land Rover de que me lembro.
Por aqui, onde nasci e porventura morrerei, sinto-me definitivamente condenado à liberdade.